Qual o tamanho da força de um beijo? Aos 34 anos, após enfrentar problemas com a justiça e colecionar polêmicas no futebol, Emerson, do Corinthians, resolveu bater de frente com um adversário que poucos jogadores mostram peito para encarar: o preconceito.
A foto do selinho no chef de cozinha Isaac Azar, dono do restaurante Paris 6, que foi publicada pelo jogador em seu Instagram, foi o tema mais comentado da segunda-feira.
– Vamos mudar isso, essa babaquice. Minha família é assim, fui educado desse jeito. Fiz com naturalidade. O Isaac tem dois filhos, é casado, a mulher dele está grávida de nove meses e serei padrinho. Cada um faz o que quer da vida – declarou ao LANCE!Net na tarde de segunda, ao abrir sua casa em Alphaville para as fotos que foram publicadas na edição impressa do jornal e noL!Digital.
– O mundo do futebol é machista. Em nenhum momento desrespeitei ninguém, e se alguém sentiu isso, desculpa. Mas não concordo. Lá era a pessoa Emerson, não o atleta. É um preconceito babaca – disse, à Band.
As pancadas vieram fortes e, diante da repercussão, ele fez questão de encará-las. Nas redes sociais, diversos comentários homofóbicos de torcedores rivais e, até, dos próprios corintianos. No CT, virou alvo do protesto de cinco torcedores da Camisa 12, uma das torcidas organizadas do clube, que levaram as faixas “Viado não” (sic) e “Vai beijar a P.Q.P, aqui é lugar de homem.” Marco Antônio, um dos líderes, mostrou revolta com a “falta de respeito:”
– Se ele quiser ficar com palhaçada, procure outro clube. Representou na Libertadores, mas veado aqui, não. Não é homofobia, mas dentro do Corinthians a gente não aceita veado. A gente sempre “tirou” com os bambis, aí ele faz isso e acha que é normal sair beijando qualquer um? Não queremos que fique se continuar com veadagem. Hoje, somos cinco, mas amanhã 50 e depois 300.
Sheik mostra foto de Emerson Filho e Henry, seus filhos, dando um selinho (Tom Dib)
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A atitude, é claro, atingiu o jogador. Mas sem arrependimentos...
– Foi a melhor coisa que fiz enquanto atleta. Cheguei no CT e os caras (elenco) disseram: “Dessa vez você se superou.” Fiquei triste com os caras que foram ao CT, mas mais ainda com os comentários sobre a foto. Eu sou homem pra c...! Dizer que não gosto de mulher é sacanagem.
Isaac, em entrevista ao canal Bandsports, disse que a iniciativa foi para causar repercussão mesmo:
– Ele estava com a namorada e falou: “Vamos polemizar, ver o volume do preconceito”. E nos chocamos com ele (o preconceito).
Único jogador do Timão a falar, Guerrero riu do que interpretou como uma brincadeira do colega. Já Wellington, do São Paulo, fez piada com o gesto. Nada que tenha mudado a ideia de Sheik, que promete:
– Vem mais surpresa por aí...