Os dois últimos atacantes de seleção brasileira contratados pelo Corinthians conviveram em tempos diferentes com o mesmo problema dentro do clube: o sobrepeso. Ronaldo e Adriano não chegaram a atuar juntos no Parque São Jorge, mas precisam conviver com as mesmas piadas sobre quanto pesam. A diferença entre os dois está no tipo tratamento que cada um recebeu do clube para lidar com os quilos a mais.
Bruno Mazziotti, fisioterapeuta que chegou ao Corinthians com Ronaldo no início de 2009, tem cuidado também de Adriano e convivido com sua luta para entrar em forma. Para ele, não se pode comparar os casos. Segundo Mazziotti, o peso de Ronaldo não preocupava tanto como acontece hoje com Adriano. O motivo seria a lesão que Adriano teve em abril de 2011 no tendão de Aquiles esquerdo, que piora suas dores se ele se mantém com sobrepeso.
'O corpo do Ronaldo foi se moldando ao longo do tempo. Ele ganhou peso e era a atribuição do departamento médico dar condições a ele de se movimentar e jogar futebol dentro das possibilidades que ele apresentava. A gente não tinha tanta preocupação como peso porque ele continuava tendo bom rendimento, mesmo com as lesões que ele teve', comentou.
'No caso do Adriano essa questão se torna mais preocupante. A gente tem que se precaver pela lesão que ele teve no tendão, uma região de movimento e giro muito importante para a prática do futebol. O Ronaldo teve lesões sérias nos joelhos, e claro, tinha de diminuir o peso, mas era um ajuste clínico que não afetava tanto no campo', completou o fisioterapeuta.
Um dos motivos alegados pelo Corinthians para sugerir a Adriano que ele ficasse no CT do clube para ter uma dieta balanceada e exercícios regrados, foi que se ele não perdesse peso, ele não conseguiria jogar por causa da sua insegurança em fazer movimentos com o tornozelo esquerdo.
'Com um peso mais próximo do ideal, ele tem um automatismo maior no gesto com o tendão. Mais pesado, é como você colocar caneleiras de dois em cada perna. É claro que o movimento não vai ser natural', disse o fisioterapeuta. Quando Adriano se contundiu, o médico do clube já alertava que o sobrepeso seria seu pior inimigo caso quisesse voltar a jogar em alto nível.
Fora a diferença no tipo de lesões de Ronaldo e Adriano, pode-se dizer que pesou contra Adriano o fato de ele ter chegado a um clube mais estruturado do que teve Ronaldo. O hotel corintiano no CT do Parque Ecológico só ficou pronto em dezembro de 2001, 10 meses depois de Ronaldo se aposentar. A estrutura que o clube tem hoje permite a ele manter um jogador concentrado sem custos extras.
'É uma estrutura fantástica que permite esse tipo de intervenção. A gente tem todas as condições para fazer o Adriano emagrecer e temos de aproveitá-las', disse Fábio Mahseredjian, preparador físico corintiano.
O regime de concentração de Adriano, que durou quatro noites na semana passada e mais três nesta (ele ainda dorme no CT nesta sexta) rendeu a ele o peso mais baixo desde que chegou ao clube segundo Mahseredjian. Ele não diz quanto é, mas no início do mês, o médico Joaquim Grava disse que ele pesava 104 kg, quando o ideal é 98 kg.
O peso de Ronaldo também foi tabu no Corinthians. Quando se aposentou, ele alegou que sofria de hipotireoidismo, problema que na verdade não gera sobrepeso. Adriano não tem esse tipo problema e com uma dieta balanceada tem se aproximado do seu peso ideal. Falta agora repetir Ronaldo, que mesmo mais 'gordinho', correspondeu em campo, o que o 'Imperador' ainda está devendo. Sua nova chance será neste sábado, contra o São Caetano.
As informações são do repórter Bruno Winckler, do IG