Em 5 de dezembro de 1976, o maior e mais surpreendente evento da história do futebol brasileiro (e talvez do mundo) acontece em pleno Maracanã: mais de 70mil torcedores corinthianos saem de São Paulo e lotam as arquibancadas do estádio para apoiar o Corinthians no jogo único da semi-final do campeonato brasileiro daquele ano.
O Corinthians, vindo dos 22 anos de jejum de títulos, tinha a chance de chegar à final caso vencesse o Fluminense, clube favorito à vaga. O clima era de decisão: jogo pegado, chuva no gramado e o estádio completamente dividido entre as duas torcidas.
Para promover a partida, houve um esforço coletivo entre os dois cartolas: Francisco Horta, então presidente do Fluminense, em acordo com Vicente Matheus, trouxe para São Paulo os 70mil ingressos, pagos antecipadamente pelo Corinthians.
No entanto, o presidente das laranjeiras cometeu um erro: acreditou que tantos ingressos jamais fossem usados, e provocou a nação corinthiana com sua declaração: “Que os vivos saiam de casa e os mortos saiam das tumbas para torcer pelo Corinthians no Maracanã, porque o Fluminense vai ganhar a partida”.
A Fiel saiu. Com suas bandeiras, camisas e o grito de apoio. Com a vontade de suar pelo time nas arquibancadas, de ser o 12º jogador, de estar lá, pro Corinthians.
O resultado disso foi a invasão em massa da fiel, que jogou junto os 90 minutos, e fez um Corinthians fortalecido em campo, jogando com raça, que mesmo sob levou o jogo para uma decisão por pênaltis que estava deixava o time mais perto do fim do tabu.
Os números impressionam: oficialmente, só da Gaviões, 300 ônibus saíram de São Paulo ao Rio. Em dados não oficiais, falam em cerca de 1000 ônibus corinthianos lotando a Via Dutra, que exigiu do Detran uma operação inédita para permitir o fluxo na rodovia, chamada “Operação Corinthians”, quando houve recorde de tráfego.
Embora o espetáculo, a chuva, a garra dos jogadores em campo fossem por si só memoráveis para a história do clube, naquele dia, o Corinthians era mais. Eram 12 em campo, com uma torcida incrível e apaixonada que jogou com o time cada segundo da partida.
Naquele dia, a Fiel estava lá, mais forte do nunca, não mais como coadjuvante, mas como protagonista de uma das histórias mais bonitas do time do povo.
Para as finais, o Internacional, com medo de uma segunda invasão não disponibilizou ingressos para o Corinthians, e as estradas foram bloqueadas pela polícia gaúcha. O jogo da final terminou com um empate, que favoreceu o Internacional e deixou o sonho do fim do jejum para o ano seguinte, quando o Corinthians iria conquistar o Paulista e acabar enfim com o tabu.
Para as finais, o Internacional, com medo de uma segunda invasão não disponibilizou ingressos para o Corinthians, e as estradas foram bloqueadas pela polícia gaúcha. O jogo da final terminou com um empate, que favoreceu o Internacional e deixou o sonho do fim do jejum para o ano seguinte, quando o Corinthians iria conquistar o Paulista e acabar enfim com o tabu.