quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A FUNDAÇÃO DO CORINTHIANS


A fundação do CorinthiansEra 31 de agosto de 1910 cinco trabalhadores foram inspirados pela turnê do time inglês Corinthian Football Club no Brasil, que já havia vencido com facilidade o Fluminense carioca e o Club Atlético Paulistano, e nesse dia, cravara mais uma vitória sobre um dos grandes times paulistas da época: a Associação Atlética das Palmeiras.
Na volta dessa partida, ainda em êxtase, os cincos operários (Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, Rafael Perrone, Anselmo Correa e Carlos Silva) se deparam com um terreno baldio na Rua José Paulino (chamada na época de Rua dos Imigrantes), na esquina com a Rua Cônego Martins - no bairro do Bom Retiro, que viria a ser o primeiro campo do Corinthians, apelidado de “Lenheiro”, por ter servido anteriormente como um depósito de lenha.
Naquele momento, decidiram que criariam um time. A idéia foi oficializada em 1º de setembro de 1910, em reunião feita nesse mesmo lote da Rua José Paulino, à luz de lampiões, após mais um dia de trabalho. Formou-se então o primeiro grupo, com treze integrantes - os cinco idealizadores e mais oito moradores do bairro convidados -, que contribuíram como sócio-fundadores do clube, ainda sem nome.
As reuniões continuaram na casa de alguns integrantes, entre eles Miguel Bataglia, um alfaiate que veio a ser (ainda que por curtíssimo tempo) o primeiro presidente do clube. O nome Corinthians foi sugerido e bem aceito por todos, ainda que fosse uma corruptela do nome original do clube homenageado , que não possuía o “s” em sua grafia, sendo assim chamado apenas pela imprensa brasileira da época, que se referia ao time inglês como “Corinthian’s Team”.
O primeiro grande desafio foi a compra da bola, quando os sócio-fundadores saíram às ruas do Bom Retiro tentando angariar novos sócios e arrecadar o montante de 6 mil réis necessários. O dinheiro arrecadado foi despejado sobre o balcão de uma lojinha de esportes à rua São Caetano, dinheiro trocado, com muitas notas e moedas de baixo valor, mas que enfim podiam comprar a desejada bola.
Ao final, conseguiram os dois objetivos: a nova bola, e o número crescente de associados, que se tornou maior que o de não-associados (os diretores exigiam a associação para quem fosse doar o dinheiro). Em seguida, o segundo desafio foi preparar o campo da José Paulino, mas em um esforço conjunto todos jogadores, diretores e associados se reuniram para fazer a capina do terreno.
O clube, idealizado há pouco mais de uma semana, disputou seu primeiro jogo em 14 de setembro de 1910, contra o União da Lapa, e sofreu uma derrota por 1 a 0. Apesar da derrota, o time impressionou, pois o adversário era tido como um dos melhores clubes varzeanos, e o placar de apenas um gol sofrido representava uma grande vitória ao novo clube. A primeira escalação do Corinthians era composta por: Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabbi, Cézar Nunes e Joaquim Ambrósio.
No jogo seguinte, contra o Estrela Polar, o clube conquistou a primeira vitória, e o meia Fabbi marcou o primeiro (e o segundo) gol da história corinthiana. O jogo terminou 2 a 0 para o Corinthians. No terceiro jogo, ainda sem ter nem mesmo uniforme, enfrenta o Atlética Lapa, time totalmente formado por jogadores ingleses, os mestres do futebol na época.
O placar da partida, realizada no campo do adversário, termina em 5 a 0, para o Corinthians. Acontece uma festa no bairro do Bom Retiro para comemorar a vitória. Extasiados pela conquista, os corinthianos decidem comprar o primeiro uniforme, bege com gola, barra e punhos pretos, inspirados pelo uniforme do Corinthian. Com o uso, os uniformes desbotam, e como “o pequeno do Bom Retiro” não tem condições de renová-los, o Corinthians ganha a cor da sua história: o preto e branco.
Nos dois anos seguintes, o Corinthians se consolida como um ótimo time, atraindo a simpatia e a curiosidade de vários torcedores, ficando conhecido como “o galo brigador do Bom Retiro”. Apesar de começar a se destacar no futebol, o Corinthians ainda pertenciam aos times “varzeanos” de São Paulo, já que o esporte era elitizado, e só podia participar das competições oficiais times dos clubes aristocráticos da cidade.
No entanto, em 1913, uma dissidência entre os clubes da elite permitiu uma seletiva aos times da várzea, que poderiam disputar uma vaga para jogar na Liga Paulista de Foot-Ball. O Corinthians se classificou deixando pra trás times como o Minas Gerais (representante do Brás) e o FC São Paulo (time do Bixiga).
Como era o único time da LPF onde pobres podiam jogar, e sua torcida era formada por trabalhadores e operários, o Corinthians, nessa época, ganhou a alcunha que carrega até hoje, com muito orgulho, de “Time do Povo”. O Corinthians também foi o primeiro clube paulista a aceitar jogadores negros.
Assim, em 1913 o clube jogaria pela primeira vez o Campeonato Paulista. No ano seguinte, o clube sagraria-se pela primeira vez campeão do torneio. E assim, com sacrifício, aquele grupo de idealistas que queria mudar os rumos do futebol paulista, então elitizado e reservado apenas para um determinado grupo social, formado por ricos e estudantes, enquanto pobres e analfabetos eram excluídos, têm sua primeira grande conquista.
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